O lado sombrio da tecnologia

Comentário da matéria “O lado sombrio da tecnologia”

Páginas Amarelas – Revista Veja

 

Como você está moldando o seu cérebro?

Eu não sei se você sabe, mas constantemente nosso cérebro está em transformação. Dependendo de nossas atividades diárias, os neurônios estabelecem conexões diferentes que mudam a plasticidade de nosso cérebro.

Sendo assim, você pode continuar a aprender constantemente, porque o seu cérebro é capaz de continuamente estabelecer novas conexões. Imitando nosso programa global – “isto é fantástico”.

A neuroplasticidade é o que nos permite, continuamente, aprender, memorizar e adaptar através da nossa experiência com o mundo a nossa volta. Portanto, é totalmente errado o antigo ditado “não se pode ensinar truques novos a um cachorro velho”.

Cientistas do mundo inteiro são adeptos ao conceito de neuroplasticidade, por isto indicam as atividades que estimulam nossos neurônios a continuar trabalhando.

Agora,vem comigo, quais atividades você acha que estimulam nosso cérebro?

Jogar xadrez (√)

Ler um livro (√)

Ficar horas na internet ( ? )

É isto mesmo. Este ponto de interrogação corresponde à dúvida e ao não consenso dos cientistas do mundo a respeito da influência das novas tecnologias em nossa formação cerebral. A Revista Veja, em suas páginas amarelas, apresenta a entrevista com Susan Greenfield. A neurocientista inglesa alerta para o fato de que os efeitos dos estímulos da internet, redes sociais e videogames, em excesso, provocam risco para o cérebro.

Radical em seu posicionamento, Greenfied, chega a provocar uma discussão sobre efeitos semelhantes a um diagnóstico de Alzheimer. “[…] computadores, tablets, smartphones, enfim, todos os dispositivos interativos, quando usados excessiva e ininterruptamente, deixam a mente em um estado de confusão sobre o aqui e o agora muito semelhantes ao efeito do Alzheimer. As pessoas neste estado perdem momentaneamente a noção clara do que seja passado, presente ou futuro”. Apesar de todas as declarações, a cientista ressalta que não existem evidências de que o cérebro sadio submetido de maneira intermitente a esses estímulos sofrerá transformações fisiológicas permanentes.

Susan Greenfield não está sozinha em sua linha de pesquisa. Já escrevi aqui no blog, sobre a experiência de Nicholas Carr, autor do livro The shallow – What the internet is doing to our brains (Os superficiais – O que a internet está fazendo com nossos cérebros). Para ele, a exposição constante às mídias digitais está mudando para pior a forma que pensamos, devido à superficialidade e a multiciplicidade de assunto que tratamos de uma só vez.

Tais debatem me lembram das histórias de que quando a sociedade experimentou o surgimento da escrita, o pensador grego Sócrates temia que o registro dos pensamentos por meio de símbolos levaria a um enfraquecimento da mente e do raciocínio. As reações foram parecidas quanto ao surgimento da imprensa de Gutemberg – as pessoas temiam a banalização da cultura.

Ninguém perdeu o “time” da evolução a partir do desenvolvimento destas invenções. Ao contrário, a sociedade aprendeu a acumular o conhecimento e desenvolver-se de maneira a trazer mais qualidade de vida.

Neste outro viés, tem muitos outros pesquisadores que reforçam a importância da internet e de outras tecnologias para a ascensão da inteligência coletiva da humanidade. Por exemplo, há indícios de que o uso de videogames pode melhorar a memória de curto prazo e a agilidade mental.

As novas tecnologias devem nos servir e não o contrário. Utilizar a internet e outras ferramentas pode ser altamente produtivo e construtivo. É preciso dosar seu uso e intercalar com outras tarefas tão importantes para o desenvolvimento intelectual, como ler um bom livro, conversar pessoalmente, jogos e a prática de esporte.

Estar amparados por novas tecnologias que acelerem nosso processo de desenvolvimento e que tragam significativas melhorias é sinal de amadurecimento. Devemos rever nosso posicionamento e inserir as tecnologias em nossas estratégias.

 

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