Atenção

 

Imagine uma situação: você precisa se concentrar para realizar alguma atividade – pode ser escrever um texto, estudar, tomar alguma decisão importante ou mesmo prestar a atenção em alguma palestra –, nesse período quantas vezes você se dispersa usando o Whatsaap, Facebook, Twitter ou qualquer outra ferramenta ligada continuamente à web?  

Sem julgamentos, se pararmos realmente para prestar atenção nisso, perdemos até as contas dessas inúmeras vezes ao dia em que conseguimos manter esse foco, não é verdade?

Há um fluxo contínuo de informações que chegam através dessas plataformas, e a tendência é que isso aumente ainda mais conforme outras inovações sejam criadas. Pesquisar no Google, falar no Whatsaap, ler mensagens no Facebook, postar fotos no Instagram: fazemos isso o tempo todo quase sem perceber. Ah! Nessa disputa pela nossa atenção também está à televisão, que agora compete com esses novos e poderosos concorrentes.

Estima-se que “as empresas americanas pagam uma conta equivalente a US$ 588 bilhões em horas de trabalho perdidas para tarefas como navegar na internet, acessar e-mails e usar serviços de mensagem instantânea”, cita a reportagem.

Com essa imensidão de informações disponíveis, conseguir manter o foco tornou-se algo muito valioso. “Hoje em dia, atenção é a verdadeira moeda de negócios e indivíduos”, diz Thomas Davenport, autor do livro “A Economia da Atenção”. Exatamente isso, há quem diga que a atenção virou uma mercadoria. “A riqueza de informação cria pobreza de atenção, e com ela a necessidade de alocar a atenção de maneira eficiente em meio à abundância de fontes de informação disponível”, como já citado pelo americano Herbert Simon (1916-2001).

Estudos recentes mostraram que após 10 ou 20 minutos os níveis de atenção caem perigosamente, a ponto de comprometer o que está exposto. A Microsoft também revelou que em no ano de 2000 uma pessoa ficava 12 segundos, em média, completamente concentrada em uma tarefa, mas hoje esse número caiu para 8 segundos. No mercado publicitário, em 1992 enquanto 97% das pessoas diziam prestar atenção em anúncios, hoje esse índice não chega a 20%.

Para tentar minimizar essa questão, grupos religiosos nos Estados Unidos estão diminuindo o tempo de missas católicas e cultos de igrejas protestantes. Na área da educação, tem gente afirmando que aulas menores seria a solução.

Será que tudo isso é um exagero? Devemos nos preocupar tanto com a tal aclamada atenção? Medidas mais diretas como as citadas acima em reduzir o tempo de palestras, aulas e cultos, serão mesmo eficientes?

Não tem como negar que ao ouvir aquele barulhinho no Whatsaap, é tentador para não ir ler a mensagem. Ou de vez em quando ir conferir o que está na timeline do Facebook ou quantas curtidas e comentários teve a foto que você postou no Instagram. Por mais que retraia a nossa atenção, essas atividades além de nos dar prazer, nos permite fazer diferentes coisas com muito mais praticidade. Podemos responder um email, tomar decisões, conversar com alguém que está do outro lado do mundo, pagar uma conta, realizar uma compra, participar de uma reunião; a qualquer hora, de onde bem entendermos. Resumindo: essas ferramentas também otimizaram o nosso tempo.

Na área da educação tem uma arcaica ação fundamental para resolver essa questão: a conversa. Talvez essa seja a hora de realmente discutir com os jovens como eles preferem aprender, como as aulas podem ficar mais interessantes, além de propor desafios, estimular aulas mais participativas, e até mesmo combinar para em determinados momentos eles simplesmente guardarem os smartphones e tablets dentro da mochila. É natural que principalmente essa nova geração – tão conectada – decida não prestar atenção na aula, já que aquele conteúdo não tem valor e significado nenhum pra eles, ou que talvez seja mais interessante buscar aquela informação na internet.

As instituições devem propor esse diálogo, esse acordo. E os alunos e qualquer outra pessoa deve se programar para também não deixar que essas distrações tecnológicas prejudiquem o desempenho. Não é que devemos abolir essas ferramentas e pensar quão prejudiciais elas se tornaram ao nosso foco, mas sim ponderar o uso de cada uma delas.

Pode olhar no seu Whatsaap aquela resposta que esperou o dia todo, vai achar seu amigo que não via a mais de quinze anos no Facebook, compartilha aquela frase do seu ídolo no Instagram, mas continue produzindo, foque também no seu trabalho, nos estudos, nas palestras, nos filhos, na espiritualidade. E vai ser feliz!

 

 

*Assunto extraído do Jornal Valor Econômico

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