Manhê eu preciso comprar mais um app

Comentário da Matéria “Manhê eu preciso comprar mais um app”

Revista: Valor Econômico

Administrar um zoológico com animais coloridos, cuidar dos Pets, fazer milkshakes… São as propostas de aplicativos que podem ser baixados de graça na internet. Diversão para as crianças e comodidade para os pais que encontraram em tablets e smartphones uma maneira eficaz de distrair suas crianças.

Valendo-se da desenvoltura dos pequenos ao manusear esses dispositivos e do aval dos pais, os desenvolvedores de games e aplicativos enxergam no público infantil um novo nicho de mercado. Os jogos instigam os usuários a comprar acessórios para o alcance de determinada “missão” ou próximo nível, o que constitui uma estratégia de venda e movimenta muito dinheiro.

De acordo com a SuperData, firma especializada em pesquisa sobre games, só no ano passado, jogos para plataformas móveis geraram uma receita de 2,7 bilhões de dólares. Nos últimos seis meses nos Estados Unidos, cerca de 1 milhão de crianças, entre 6 e 12 anos, compraram acessórios dentro dos aplicativos, afirma outra pesquisa, realizada pela Imterpret LLC.

A revista Valor Econômico apresenta o caso da garota Joshua Gallo, de 8 anos, que pagou 50 dólares por uma vaquinha virtual, a Cash Cow, cujo nome em inglês lembra “máquina de fazer dinheiro”.  E não foi só ela, segundo Suli Ali, diretor-presidente da TinyCo, a vaquinha rendeu cerca de 50.000 dólares, em menos de uma semana.

Casos como de Joshua se repetem constantemente e suscitam a discussão sobre as táticas de vendas para aplicativo no universo infantil. Crianças não só pedem para os pais comprarem os apps, como elas mesmas realizam a aquisição. Tal fato faz jus questionarmos sobre até que ponto as empresas podem explorar este nicho e facilitar tanto os procedimentos de compra.

No ano passado, a Apple foi processada por um pai, Garen Meguerian, que alegou que o sistema de compra permitia a criança fazer compras sem autorização. O processo ainda prossegue, mas é um indicativo de que empresas e pais devem estar atentos. Os aplicativos móveis para o público infantil devem se massificar e ainda não há uma regulamentação que oriente os responsáveis. Vale a pena acompanhar.