Comentário da matéria “A Droga Nerd”
Revista Veja
No berço das inovações, mas precisamente no Vale do Silício, Califórnia, nos Estados Unidos, a comunidade científica e os novos empreendedores legalizaram a modafinil – o comprimido que promete acelerar seu cérebro, lhe oferecendo mais foco, disposição e energia.
A droga é comercializada apenas com receita médica desde 1998, recomendada para o tratamento de pacientes com narcolepsia, mas que também passou a ser utilizada por um número cada vez maior de pessoas em busca de uma melhora cognitiva.
Vendido com o nome comercial de Provigil ou Satavigile, o modafinil é o medicamento mais recente a entrar na longa lista de substâncias utilizadas para aumentar a produtividade, como o café, o guaraná, a cocaína, as anfetaminas e a ritalina.
A Revista Veja fez matéria sobre o tema e conversou com um usuário do comprimido: o brasileiro Fábio que é estudante do MIT trabalha em um laboratório dentro da universidade em Boston e faz estágio não remunerado em uma empresa de mídia social.
Usuários como Fábio falam em aumento da concentração, foco durante o dia inteiro, ausência de cansaço e fim do jetlag. O estudante compra o medicamento de um intermediário na própria universidade por 5 dólares o comprimido. Porém, sites também prometem entregar caixas de medicamentos em qualquer ponto do mundo por preços que variam de 300 a 500 reais.
Mas vamos parar a propaganda por aqui. Não se empolgue com tantas declarações positivas. Não existem estudos que comprovem todos os resultados declarados por seus atuais usuários. E ainda torna-se mais preocupante o fato de não sabermos os efeitos colaterais da modafinil.
“Cedo ou tarde, não dormir vai cobrar seu preço”, diz Marlene dos Santos Amendale, médica neurofisiologista, especializada em medicina do sono. “Há uma corrida por remédios que nos tornem mais produtivos, mas não sabemos os efeitos para a sociedade”, diz Barbara Sahakian, professora do departamento de Psiquiatria da Universidade de Cambridge.
Cuidar de nós mesmos deve ser a prioridade de nossas vidas. Nossas vocações profissionais devem acompanhar um ritmo seguro de sermos produtivos. Por mais que exista pressão e exigências, vale a pena respeitar nossos limites. E acima de tudo, preservar por nossa sobriedade e domínio próprio.
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