Menos redes sociais, mais realidade

Artigo de minha autoria publicado pelo Jornal O Popular em 23/02/2016

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Em um dia, quantas vezes você entra em suas redes sociais? Faz quantos minutos que você não pega seu smartphone? Qual foi a última vez que você se sentou em algum lugar (restaurante, bar ou até mesmo em uma reunião) e não entrou em alguma de suas redes? Você desconectou-se do mundo virtual em suas férias? Respondendo a essas perguntas você perceberá sua dependência da vida on-line.

O psicanalista Flávio Gikovate afirma que por volta de 1960 os principais valores da humanidade tinham a ver com o conteúdo das pessoas em vez da aparência. Era o período que o “ser” predominava. Uma década depois o “ter” ficou em evidência e assim o que se passou a valorizar foi a quantidade de dinheiro que se ganhava e os bens que se compravam com ele. Ser rico era mais importante do que ser culto e produtivo.

Posteriormente, entramos na época em que o “parecer” rico era mais valorizado. Mesmo se não tivesse muito dinheiro para adquirir alguns bens, você ao menos parecia possuir ao comprar versões imitadas. Mais recentemente, a internet e as redes sociais invadiram nosso cotidiano e com isso surgiu um novo conceito, o do “aparecer”. As pessoas postam na web diversas situações de suas vidas e assim abastecem um mundo ilusório para a maioria e muitas vezes, escondendo os próprios sentimentos.

As pessoas perderam a noção do equilíbrio entre o verdadeiro e ilusório, e entre o saudável e neurótico. É simples retratar apenas o que convêm nas redes e manifestar aos seus seguidores uma vida perfeita e feliz. O mais agravante é que esse feito acaba por atingir diversas pessoas que entram em uma mistura de tristeza, decepção e inveja por não fazerem parte daquele mundo. Daí vem à vontade de aceitação, de que o momento vivido só tem valor se ele for exibido e aprovado pelo próximo.

Parei para perceber como eu gastava horas do meu tempo conectado às redes sociais. Deixei de terminar aquele livro que eu queria, de bater um papo com meus filhos, quem sabe até ter dado um pulo no barzinho para comer um espetinho. É assim que vi minhas energias sugadas e horas desperdiçadas pela imensa tentação de querer participar e estar por dentro do mundo “antissocial” virtual.

Avisei pro Facebook, pro Twitter e pro Instagram que eu estava perdendo minha vida com eles. Não, não vou abandoná-los, e isso também seria uma séria decisão já que o meu ramo é o da tecnologia. Mas eu decidi reverter às regras e ficar no comando, agora quem decide as coisas por aqui sou eu. Apaguei todas as redes do meu smartphone, deixei apenas o LinkedIn. Dessa forma, quando eu chegar em casa e tiver um tempo disponível acesso as outras plataformas através do tablet. Ficou difícil cair em tentação.

Ah! Não poderia deixar de citar o WhatsApp. Poxa, esse sim nos consome. Quantos grupos você participa? As centenas de vezes por dia quando ele apita parece estar nos dizendo “Oi! Eu estou aqui. Resista se puder!”A saída que encontrei para driblá-lo foi não participar de nenhum grupo. Quando tenho a intenção de falar sobre um mesmo assunto com várias pessoas eu mando individualmente através das listas que criei para cada grupo de contatos, como o pessoal da tecnologia, da educação ou da família. Eu participo apenas de um só grupo que possui três amigos e uma amizade de mais de 30 anos.

Enquanto essas ferramentas se preocupam especialmente na missão de nos fazer dependentes dela, o jeito é criar estratégias que não deixam nem a gente desligado de tudo que está acontecendo, mas também não nos faz perder os momentos reais, abraços, carinhos, a conversa produtiva, o contato com a natureza, as gargalhadas com os amigos… O perfume da vida!

Reilly Rangel, empresário, é presidente do Grupo Tron.

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1 comentário

  1. É isso aí meu caro Reilly: mais tempo dedicado aos amigos e familiares e menos tempo com as máquinas.

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