Déficit tecnológico do Brasil cresce 28% no 1º trimestre

Comentário da matéria “Déficit tecnológico do Brasil cresce 28% no 1º trimestre”
Jornal Folha de São Paulo

Quando aprendemos o conceito de déficit, no contexto da economia, temos a nítida sensação de que perdemos. Importamos mais do que exportamos, ou seja, compramos mais do que vendemos. Entretanto, o termo “déficit tecnológico” traz um transtorno ainda maior. Comprar mais produtos com alta tecnologia significa que nossa capacidade interna está subutilizada e que o país não desenvolveu soluções inovadoras e tecnologicamente desenvolvidas para suprir nossas necessidades.

De acordo com o estudo da Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica (Protec), o déficit tecnológico brasileiro cresceu 27,6% no primeiro trimestre, atingindo R$ 23 milhões, sendo que a previsão para o final do ano é de um déficit recorde: R$ 110 bilhões, ante os R$ 85 bilhões de 2010. Apesar da queda na taxa de câmbio, o número de déficit tecnológico é crescente. Temos comprado cada vez mais soluções tecnológicas de outros países. Estes valores indicam um cenário econômico em alerta, pois estamos em risco de desindustrialização.

Para a Protec, medidas corretivas devem vir do setor público, através de subsídios e outras formas de financiamento. Entretanto, toda medida só será efetiva, se a cultura da inovação estiver totalmente implantada nas empresas e nas universidades, e digo mais, na sociedade brasileira.  Neste processo, é importante os contratos de transferência de tecnologia e as sociedades de pesquisa – instrumentos que legitimam uma aliança entre governo, empresas e academia.

O avanço do país na balança comercial será considerado positivo, quando ao invés de optarmos pela exportação de commodities, oferecermos ao mercado internacional soluções, produtos e serviços tecnologicamente desenvolvidos e inovadores com a etiqueta “Made in Brazil”.

Para exemplificar, citamos a soja, um dos principais produtos commodities vendidos para fora do país. Para cada refrigerador que compramos, precisamos vender 3.400 quilogramas de soja, para cada impressora precisamos de 400 quilos da semente e para ter um litro de óleo de soja precisamos de quatro quilogramas da matéria-prima.

Tal realidade demonstra que precisamos investir em tecnologia e agregar valor para contrapor o déficit tecnológico e, efetivamente, avançarmos posições no cenário internacional, abandonando o posto de país em desenvolvimento. Com tecnologia e inovação, teremos uma nação altamente desenvolvida, nos seus parâmetros de geração de conhecimento, empregos estáveis e uma sociedade amparada pela sustentabilidade econômica e ambiental.

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