Um cidadão tem direito a vida, a igualdade, a liberdade e ao mesmo tempo tem direito a um nome, a frequentar à uma escola, a trabalhar, a se aposentar, com garantias de uma velhice tranquila.
O ser humano precisa fazer parte de estruturas tangíveis ou intangíveis da sociedade para sentir-se cidadão. Entretanto, cidadania não é imutável e por não ser fixa, ela varia no tempo e no espaço.
Hoje, vivemos a “Era do Conhecimento”, em que a informação está em uma aceleração nunca antes imaginada. Por intermédio da internet, as pessoas conectadas tem acesso às informações, ao conhecimento e tornam-se cidadãos muito mais globais, multiculturais, transversais, com potencialidades desenvolvidas e competências e habilidades aprimoradas.
Além disso, a internet possibilita canais de comunicação diferenciados e que conectam as pessoas, as chamadas redes sociais geram uma forte interação entre os usuários, garantindo troca de conhecimento e entretenimento.
Neste sentido, a inclusão digital não é totalmente sinônima de cidadania, mas faz parte dos anseios de grande parte da sociedade, que ao encontrar-se longe da realidade virtual, reforça o quadro de exclusão social em nosso país.
De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios 2008 (PNAD), do IBGE, 65% dos brasileiros não tem acesso à internet. Dos 35% que se declararam internautas, 48% acessam a rede através de lan houses, 22% das casas de outras pessoas, 21% do trabalho, 14% da escola e 4% de telecentros. Outro dado interessante revelado pela pesquisa é que somente 7% dos domicílios rurais tem computador.
Pesquisa semelhante realizada pelo Programa de Estudos do Futuro da Fundação Instituto de Administração (Profuturo/FIA) revela que somente 7% da classe C tem acesso a banda larga no Brasil.
Em Goiânia (GO), temos dados interessantes provindos da pesquisa do Instituto Ipsos Marplan-EGM, realizada em 2009. 50% da população da região metropolitana pertencem à Classe C, sendo que 70% desta fatia não possuem computador em casa.
Na última pesquisa de domicílios conduzida pelo Cetic.Br, um braço do Comitê Gestor da Internet no Brasil, as principais razões apontadas para a falta de acesso à web em casa foram o preço elevado, a falta de interesse ou necessidade – um reflexo da baixa escolaridade – e a pouca habilidade com o computador.
Esses dados nos revelam que o acesso a internet ainda é privilégio de uma minoria beneficiada no Brasil e que a grande maioria faz parte dos analfabetos digitais. Nomeação recém-criada e que cria mais um termo pejorativo e de exclusão, àqueles que por questões sociais não acompanham o ritmo das inovações.
Por causa de políticas públicas ineficientes e falta de prioridade dos planos de governo, a difusão de tecnologias não é considerada medida de inclusão social. Entretanto, a pós-modernidade que já estamos vivendo cobra uma postura diferente dos políticos, e também da iniciativa privada e universidades.
Democratizar o acesso às tecnologias de informação e comunicação é contribuir para a redução da pobreza e das desigualdades sociais. Segundo o Banco Mundial, “a inclusão de dez assinantes de banda larga para cada 100 habitantes é capaz de aumentar a riqueza per capita em 1,38%”.
O menor custo da banda larga e o incentivo para compra de computadores são medidas que devem ser colocadas urgentemente em prática. Além disso, é necessário entrar em peso com a internet nas escolas.
Os jovens devem crescer conectados, para assim se tornarem mão de obra preparada para as exigências do mercado de trabalho, além de serem pessoas que saibam interagir com outras culturas. A utilização de livros digitais, os e-books, é uma das possíveis soluções, pois não só permite a inclusão digital dos estudantes, como reduz gastos com material didático e consumo de papel.
O benefício da internet completa o compromisso com a plenitude dos cidadãos. As pessoas não se ausentam da sociedade por não estarem no mundo digital, entretanto, se distanciam das reais possibilidades de avanços intelectuais da melhoria em sua qualidade de vida.
Reilly Rangel
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